
LÁGRIMA NUM OCEANO
O prodígio da origem,
Belo de qualquer estreia
Sagrada presença de quem devaneia
Navegando afinal sem margem
Indagação, pesquisa, procura,
Quero o Mundo e o Universo
Sinónimos de sapiência e cultura
A paixão, o amor e o perverso
Amarrado à vida de cigano
Madurado de tanta porfia
Com a ciência de um dia
Ser uma lágrima num oceano
Gasta, usada, raspada à traição
Vendidos sonhos me arrastam,
Carregando o tempo que escasseia
Por entre os dedos da mão.
Definham os meus órgãos,
Pó e terra como alimento,
Humidades e bolores agoniam
com raiva as ossadas ao vento,
Só me resta o caixão
Desisto…
A morte não olha para trás
Gaspas, Aveiro 2007