Esta semana fui confrontado com uma situação numa aula em que um aluno entregou-me umas fotocópias com excertos da bíblia e outros textos religiosos, pedindo-me que os lesse. Sem perceber o que pretendia questionei-o no sentido de esclarecer o objectivo de tal acto, ao qual ele respondeu que não queria participar na «Audição de Natal», que se vai realizar no final do 1º período, por esta ser considerada, pela sua religião (Testemunha de Jeová), uma festa pagã e que a justificação estava na própria bíblia. Não querendo entrar numa discussão teológica, tentei-lhe explicar que a audição de final de período não se trata de qualquer celebração de índole religiosa mas sim uma apresentação do trabalho desenvolvido pelos alunos ao longo do período lectivo.
Outros alunos só podem participar se a audição não coincidir com um sábado (Adventistas do Sétimo Dia).
Estes episódios levaram-me a pensar um pouco sobre esta questão e a forma como desde muito cedo as crianças são “formatadas” pela religião e a influência que isso trás no seu dia-a-dia.
Estes episódios levaram-me a pensar um pouco sobre esta questão e a forma como desde muito cedo as crianças são “formatadas” pela religião e a influência que isso trás no seu dia-a-dia.
As religiões tiveram sem dúvida o seu importante e influente papel ao longo da história, principalmente na “organização” da transmissão de conhecimentos e “uniformização” de valores morais, éticos, etc. Por outro lado foram também (umas mais que outras) castradoras, inquisidoras e coniventes com os poderes instalados. A lista de religiões e seitas é vasta e variada, havendo para todos os “gostos” e "necessidades".
A urgência da criação de Deuses ou Entidades Divinas, na minha humilde opinião, surge numa fase inicial para explicar aquilo para o qual não arranjamos explicação, mas também e principalmente para controlar e “punir” as “condutas erróneas” dos Homens.
A indispensabilidade de uma figura acima de tudo e todos, que nos observa, conduz, e mais, que inclusive lê os nossos pensamentos (nós por cá temos o Sócrates) leva os homens em nome da fé e da fidelidade ao Deus ou Deuses, aos comportamentos mais crueis, irascíveis e aberrantes, mas também ao altruísmo, complacência e generosidade. Este paradoxo conduz muitas vezes à incompreensão e decepção de quem acredita no seu Deus, levando à procura de outra identificação seja ela religiosa ou não.
A formatação das consciências, a dependência de rituais, as advertências de castigos e punições, a ameaça do inferno, a promessa da eternidade, as virgens, etc. parece-me não fazer qualquer sentido nos dias de hoje, e apenas contribuir para limitar a inteligência, a consciência, a crítica, a criação e a liberdade.
Os valores humanos não são propriedade de nenhuma religião, são nossos, de todos (ou pelo menos deveriam ser).
Este será sempre um assunto polémico e controverso.
Escusado será dizer que respeito todas as religiões e convicções individuais, o que não respeito e não aceito são algumas das posições tomadas por alguns dos representantes dessas religiões.
Escusado será dizer que respeito todas as religiões e convicções individuais, o que não respeito e não aceito são algumas das posições tomadas por alguns dos representantes dessas religiões.
Custa saber que estas posições vão ser aceites por muitos dos seus seguidores sem qualquer contestação ou dúvida.
Muito mais haveria para dizer... fica para próxima oportunidade.