O Feto enquanto Pessoa
A visão religiosa:
«A vida humana começa no acto da concepção»
A procura do prazer, o “fazer amor”, o preservativo furado, a queca arrancada à força, ou a foda bem dada, … o milagre da vida!
«A vida humana começa no acto da concepção»
A procura do prazer, o “fazer amor”, o preservativo furado, a queca arrancada à força, ou a foda bem dada, … o milagre da vida!
A visão da biologia:
«A vida humana começa no acto da fecundação»
Considera o início de um ciclo de vida com a formação do ovo, quando o espermatozóide fecunda o óvulo. Olha para a vida como um todo e não distingue a humana de um rato ou de uma alface.
A visão da genética:
«A vida humana começa com a formação do genoma»
O genoma humano é constituído 3 a 6 dias após a fecundação. Ou seja, está lá o potencial não o factual. Até porque a informação genética que herdamos dos progenitores não passa mesmo disso “informação genética” (software), sem o processador/cérebro (hardware) não vale de nada.
Software que se deita fora sempre que se “bate” uma pívia (macho) ou ocorre o sangramento (fêmea).
«A vida humana começa com a formação do genoma»
O genoma humano é constituído 3 a 6 dias após a fecundação. Ou seja, está lá o potencial não o factual. Até porque a informação genética que herdamos dos progenitores não passa mesmo disso “informação genética” (software), sem o processador/cérebro (hardware) não vale de nada.
Software que se deita fora sempre que se “bate” uma pívia (macho) ou ocorre o sangramento (fêmea).
A minha visão:
«A vida humana começa quando se forma o córtex cerebral»
A formação do córtex cerebral, órgão que desempenha as funções que nos distinguem de outros animais, ocorre cerca das 12 semanas de gestação. O pensamento, a compreensão, o julgamento, a linguagem, a racionalização do pensamento.
Parece-me bastante evidente e coerente assumir esta fase como ponto de partida para o início da vida humana.
Aliás o fim da vida humana é considerado quando se dá a morte cerebral ( quando o córtex cerebral deixa de ter actividade).
Se serve para o fim também deverá servir para o início.
«Penso, Logo existo» - Descartes
«A vida humana começa quando se forma o córtex cerebral»
A formação do córtex cerebral, órgão que desempenha as funções que nos distinguem de outros animais, ocorre cerca das 12 semanas de gestação. O pensamento, a compreensão, o julgamento, a linguagem, a racionalização do pensamento.
Parece-me bastante evidente e coerente assumir esta fase como ponto de partida para o início da vida humana.
Aliás o fim da vida humana é considerado quando se dá a morte cerebral ( quando o córtex cerebral deixa de ter actividade).
Se serve para o fim também deverá servir para o início.
«Penso, Logo existo» - Descartes
10 comentários:
e as teorias de António Damásio?
"Software que se deita fora sempre que se “bate” uma pívia (macho) ou ocorre o sangramento (fêmea)."
Nem tanto ao mar nem tanto a serra. No mínimo é um software conjunto que é diferente do individual de cada um.
Imagina aqueles que queriam ter um filho, a mulher engravida, só que depois há um aborto expontâneo, até às 10 semanas. Qual é o sentimento? É o de perda de uma vida ou não?
No entanto, apesar de discordar dessa tua opinião, que é legítima, não é isso que está em discussão neste referendo, apesar, dos adeptos do 'não' se esforçarem por levar a conversa unicamente para esse lado.
A questão é jurídica e não medica ou biológica.
Segundo o que li sobre o assunto, António Damásio no seu livro "O Mistério da Consciência",afirma que é importante estabelecer uma diferença entre a consciência do aqui e agora, do presente, e a consciência que está relacionada com a espécie humana e com o inconsciente colectivo herdado. Damásio distingue entre consciência nuclear, a consciência simples, não exclusivamente humana nem dependente da memória ou do raciocínio, e consciência alargada, a consciência mais complexa, que permite "níveis de conhecimento que abrem caminho à criatividade humana". Ambas se interrelacionam, sendo a consciência alargada dependente da consciência nuclear. No entanto, a consciência nuclear pode existir sem a consciência alargada.
O que continua a diferenciar o Humano dos restantes animais não é a sua consciência de si (consciência nuclear), mas sim a sua capacidade criativa, o "SI" auto-biográfico. (consciência alargada)
Ora, esta posição não interfere com a minha posição em relação ao início da vida.
R.B.
«Imagina aqueles que queriam ter um filho, a mulher engravida, só que depois há um aborto expontâneo, até às 10 semanas. Qual é o sentimento? É o de perda de uma vida ou não?»
Para mim não.
É quase a mesma coisa que jogar no euromilhões, não sair e afirmar que se perdeu 100.000.000€!
«Para mim não.
É quase a mesma coisa que jogar no euromilhões, não sair e afirmar que se perdeu 100.000.000€!»
Se calhar falas assim porque nunca passaste pela experiência.
E não percebo essas tuas probabilidades. Isso quer dizer que uma grávida, até às 10s, tem a mesma probabilidade de chegar ao termo que a de sair o euromilhões. Que raio de comparação é essa?!
vou fazer-te mais uma pergunta: em que estado nasce um bebé?
já agora outra, que capacidades de pensamento tem um recém nascido?
e uma terceira, as outras espécies à nascença são mais evoluidas que os humanos ou não?
Desculpa intrometer-me mas, na tua 3.ª pergunta, quando falas em evoluídas em que é que estás a pensar. Mais evoluídas em quê?
Já agora, gostei e identifico-me mais com esta outra posição, da Rititi, A Vida não é um Feto de 10 semanas:
http://sim-referendo.blogspot.com/2007/02/vida-no-um-festo-de-dez-semanas.html
Não saiu bem o link mas, se ainda não foram, vão lá ao blog e procurem pelo título.
Caro R.B.
Peço desculpa pela demora no comentário mas tenho andado muito ocupado.
concordo contigo quando afirmas que "A questão é jurídica e não médica ou biológica." , mas aqui não se trata apenas do referendo.
O exemplo do Euromilhões não foi o mais feliz. Embora não se tratasse de uma comparação na forma mas sim na espetactiva. Troco esse por este:
Uma tela em branco, um conjunto de tintas e um pintor consagrado, não podemos afirmar estar perante uma obra de arte.
E talvez tenhas razão quando dizes
«Se calhar falas assim porque nunca passaste pela experiência.»
não sei.
Caro Rui,
mais uma vez peço desculpa pela resposta tardia, mas tu dás-me trabalho de pesquisa.
Resposta 3 em 1:
Segundo Piaget
O Primeiro estágio - Sensório motor (ou prático) 0 – 2 anos: trabalho mental: estabelecer relações entre as acções e as modificações que elas provocam no ambiente físico; exercício dos reflexos; manipulação do mundo por meio da acção. Ao final, constância/permanência do objecto.
Outras pesquisas:
O cérebro fetal
À medida que o feto se desenvolve o seu cérebro é indistinguível do cérebro de um peixe, de uma tartaruga, de um lagarto, de um pássaro ou de um macaco. O cérebro do feto atravessa milhões de anos de desenvolvimento do cérebro em apenas 9 meses. O desenvolvimento é rápido. Todos os minutos são formadas 250.000 novas células nervosas. Ao mesmo tempo, as várias partes do cérebro especializam-se nas respectivas actividades.
Um bebé nasce com 125 mil milhões de células cerebrais, mas o cérebro, em si mesmo, ainda não está completamente desenvolvido. O cérebro dos bebés recém nascidos pesa 25% e dos bebés de dois anos pesa 75% do peso final do cérebro. Com um ou dois anos de idade verifica-se o isolamento da gordura e de outras substâncias à volta das fibras nervosas de modo a permitir que os sinais nervosos possam passar mais depressa.
Quando a criança aprende coisas novas, as células nervosas formam novos contactos e moléculas importantes são guardadas nas células cerebrais. Este processo vai continuar ao longo da vida, embora se verifique um abrandamento a partir dos 50 - 60 anos de idade. O cérebro alcança praticamente a sua dimensão óptima quando a criança tem 12 anos de idade. São necessários praticamente 20 anos para que todas as ligações entre as várias partes do cérebro se desenvolvam na totalidade.
A herança cultural:
O contexto cultural permite uma acumulação de informações dentro do grupo, que se
reflectem em crenças, práticas e rituais. As formas de transmissão social variam desde
mera exposição facilitadora de certos desempenhos a modelos mais experientes até
instruções formais dirigidas. Entre outras coisas, a cultura dispensa o indivíduo de
aprender por ensaio, tudo de novo, a cada geração, ao mesmo tempo em que permite a
adição de novas aprendizagens decorrentes das experiências de cada um. Este arranjo
parece possibilitar o ajustamento a uma grande variedade de desafios do meio, como a
própria história da humanidade pode atestar.
Costumamos nos orgulhar desta capacidade, que nos distancia dos demais animais, que
nos confere certo poder sobre as forças naturais e que, até certo ponto, parece nos
libertar da nossa própria natureza.
Em parte, a ideia da peculiaridade se justifica. Embora a adaptação ao meio através de
aprendizagem individual seja facto comum nos animais em geral, e ainda que os primatas
apresentem alguma tendência à aprendizagem social e à transmissão cultural, no caso
humano estes traços alcançaram níveis extremamente diferenciados
A Linguagem como herança e factor evolutivo:
A linguagem é, aliás, uma excelente evidência para a acção decisiva da evolução sobre os comportamentos culturais, facto que não tem escapado aos diversos estudiosos do
assunto (Passinghan, 1982; Foley, 1996). Se de um lado ela pode ser entendida como essencial à cultura, como fruto desta, por outro, está fortemente enraizada em propriedades biológicas ligadas à estrutura cerebral, à anatomia do sistema fonador e à herança da capacidade lingüística.
A aquisição da linguagem pelo recém-nascido não é a imposição de um sistema arbitrário ou convencional de códigos por parte dos adultos a um aprendiz inteligente. Não se trata de um processo de ensaio-e-erro com reforçamento dos acertos. O talento do recém-nascido humano para adquirir a linguagem é uma habilidade específica dotada de motivação própria. O ser humano é biologicamente lingüístico; nasce com os recursos cognitivos, motivacionais, fisiológicos e anatómicos para entender e usar a linguagem humana que se estiver falando no seu ambiente. Por sua vez, as línguas humanas são construídas, mantidas e transformadas por esses mesmos seres humanos que as adquirem a cada geração. E todos os seus aspectos - sonoros, rítmicos, melódicos, léxicos, sintácticos, etc. -decorrem das características dos indivíduos que as produzem.
Para entender as línguas -suas características e evolução - é preciso entender o ser psicobiológico que as inventou. A diversidade lingüística -o fato de milhares delas terem
sido criadas - não nos deve confundir. Não apenas o que é comum a todas elas, mas também a própria variedade constituem indicadores importantes sobre o curso da evolução biológica da habilidade lingüística.
A diferenciação humana:
Os bebês nascem com uma forte tendência para a vinculação afectiva. Em primeiro lugar, chama a atenção à capacidade de responder preferencialmente a sinais do contacto afectuoso do adulto. Mesmo bebés prematuros reagem ao olhar e à fala carinhosa abrindo mais os olhos e mantendo-se em maior estado de atenção (Eckeman et al, 1994).
Claramente, há um processo de reconhecimento individual e de vinculação afectiva em
andamento desde o início, revelado pela tendência à vinculação personalizada. Nas primeiras semanas de vida os bebés discriminam e preferem a voz e o odor de suas mães (MacFarlane, 1975; Schaal et al, 1980). Com 45 horas de vida discriminam a face da mãe (Field et al, 1984) e com 3 semanas, preferem-na em relação à de um estranho (Carpenter, 1973). Embora as reacções típicas de apego e de medo de estranhos tendam a aparecer depois do oitavo mês (Bowlby, 1984), são surpreendentes os indicadores mais precoces: entre 8 e 16semanas as crianças já reagem a estranhos e usam a mãe como base de segurança (Mizukami et aI, 1990).
Diversas formas de compartilhamentos básicos, típicos da interação humana, estão presentes desde o início. Recém-nascidos são capazes de igualar, sem ensaio, expressões faciais exibidas por outra pessoa, durante a interacção (Meltzoff et aI, 1977,1983; Field et ai, 1982). Também ocorrem igualações vocais: bebés de dois meses emitem vocalizações simultâneas às da mãe, no mesmo tom. (Papousek et aI, 1984). Os bebés coordenam a movimentação geral do corpo, em ritmo com a fala que ouvem, o que tem sido chamado de sincronia inter-accional (Condon et ai, 1974).
E muito mais haveria a dizer...
Fica para a próxima!
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