1 de março de 2008

Adormecendo o Acordai de Graça

Ao longo destas últimas semanas, por vários motivos e desmotivo, vi-me desviado da blogosfera, e que conturbados tempos, (in)felizmente abundantes em matérias controversas e sem consenso.
Desde as políticas da saúde, da justiça, a reforma do ensino, o estatuto da carreira docente, mais directamente ligado a mim, a reforma do ensino artístico, etc.
Vamos lá estabelecer um ponto da situação: É certo que qualquer reforma significativa levanta contestação, mal era se assim não fosse, o espírito crítico e o conflito de posições deveria servir para engrandecer a discussão e clarificar os pontos débeis e fortes da matéria em causa, possibilitando assim uma rectificação do que se considera errado e um apoio efectivo daquilo que evidentemente é uma boa solução, não para hoje, não para as estatísticas, não para um obsessivo controlo do défice e das contas públicas, mas sim numa acção consertada perspectivando o futuro e as condições sociais a médio/longo prazo.
Ora isso não me parece que esteja a ser feito e receio, aliás estou convicto, que muitas das medidas aplicadas por esta governação vão trazer grandes dissabores no futuro, e quem sabe provocar malefícios irreparáveis. O autismo governamental, e não estou a falar das relações do governo com o parlamento nem com a oposição, porque esses então não conseguem sequer sair do discurso fácil e politiqueiro de meia tigela, falo sim da falta de diálogo com os principais visados nas reformas, quem está no terreno, quem lida com os problemas, com as soluções, quem tem experiência, quem realmente sabe o que se passa. Não são estudos (mal)feitos por meia dúzia de pedagogos, prisioneiros das estatísticas e dos gabinetes em Lisboa, que esclarecem o rumo a tomar.
Dividir para reinar parece ser o mote da governação. Primeiro lançam-se as Bombas apregoando a fome e depois atiram-se umas migalhas.

Falta VERDADE e COMPETÊNCIA, não só na classe política, mas em quase todos os sectores e órgãos de decisão do organograma hierárquico do estado.

A VERDADE é sempre o melhor e irrefutável caminho para a compreensão e empenho de TODOS na construção social.

ACORDAI!

4 comentários:

Rui Guerra disse...

ora aí está!
acontece que aos políticos compete decidir e contrariar o marasmo do Estado, ocupado por situacionistas interessados sabe-se lá em quê (poderia dizer: em manter o seu status quo; só que não seria bem entendido).
o caminho reformador é o mais difícil, dá trabalho, contestação e cria stress. feliz de quem opta por ele.
um abraço.

rb disse...

Gostei de ler o teu texto embora sinta nele aquilo que vejo nos destinatários das reformas, falta de crítica construtiva. E é isso que faz muitas vezes describilizar os protestos e descaracterizar a razão que muitas vezes os sustenta.
O que dizes dos burocratas de Lisboa é certeiro.
Como já alguém disse, envolver os visados no caminho das reformas é o caminho para deixar tudo como está.
Mas a reforma tipo água vai também não é aceitável. O problema é sempre o mesmo: casa onde não há pão ...

rb disse...

descredibilizar, queria eu dizer

Gaspas disse...

O problema é precisamente esse, o saber reconhecer o erro. E avançar construtivamente para uma nova solução. Reformar por reformar não leva a lado nenhum, ou por outro lado, pode levar a caminhos sem saída. A experiência diz-nos que uma decisão mal tomada muitas vezes nos afasta irremediavelmente do rumo certo. (para voltar ao caminho certo é muitas vezes necessário refazer todo o percurso inverso). Se é para fazer, porque não fazer bem. É isto que me irrita, pode parecer arrogante da minha parte, mas para fazer esta reforma (ensino artístico), até Eu fazia melhor! E sei do que estou a falar. Também eu estive envolvido em reuniões e tive acesso a pareceres e estudos que facilmente contrariam muito do que está a ser dito pelos nossos representantes do Governo. A falácia do diálogo anunciado é apenas para enganar os menos informados. As decisões estão arrogantemente tomadas, sejam elas certas ou provadamente erradas.( E mais ... nas reuniões diz-se uma coisa, com a ameaça de que nada pode vir a público e depois nas televisões dizem-se outras.)
Enfim... caminhamos perigosamente para um futuro sem passado!
Mas todos estes erros vão-se pagar caro, Ó se vão!!!