Franz Schubert 1797-1828
31 de janeiro de 2007
29 de janeiro de 2007
25 de janeiro de 2007
SOBRE A JUVENTUDE E A VELHICE
"O verdadeiro teste de maturidade não é a idade de uma pessoa mas sim o modo como reage ao acordar em cuecas no meio da cidade. Que importa a idade, principalmente se o nosso apartamento é de renda limitada? O que é preciso lembrar é que cada época da vida tem as suas compensações própias, ao passo que quando se está morto é difícil encontrar o interruptor da luz. A propósito, o problema principal da morte é o medo de que não existe outra vida - um pensamento deprimente, em particular para os que se deram à maçada de fazer a barba. Há também o medo de que exista outra vida para além da morte, mas que ninguém venha a saber onde. No seu aspecto positivo, a morte é uma das poucas coisas que se podem fazer facilmente mesmo deitado.
Consideremos então: a velhice é assim tão terrível? Não, se tiveres lavado fielmente os dentes! E porque é que não há um travão para a arremetida dos anos? Ou um bom hotel no centro de Indianápolis? Ora...
Em resumo o melhor que há a fazer é comportarmo-nos de acordo com a nossa idade. Se tens dezasseis anos ou menos tenta não ficar careca. Por outro lado, se tens mais de oitenta, é de muitíssimo bom tom descer a rua a arrastar os pés agarrando um saco de papel castanho e a murmurar: «O Kaiser vai-me roubar o cordel.» Lembra-te, tudo é relativo - ou devia ser. Se não é, temos de começar outra vez."
Woody Allen - "Prosa Completa" - Ed. Gradiva, 2005
23 de janeiro de 2007
16 de janeiro de 2007
ABORTO
Embora considere que este é um assunto que deveria ser decidido e tratado na Assembleia da República, demonstrando coragem política e sentido de responsabilidade por parte dos nossos governantes, pondo fim a uma lei injusta, hipócrita e completamente desfasada da realidade que vivemos no nosso país, entendo que, estando à porta um novo referendo, devemos contribuir para um melhor esclarecimento e tentar limpar o ruído da contra-informação produzido por alguns movimentos da nossa sociedade.
Factos
Em Portugal, o aborto legal é apenas possível quando a gravidez representa risco para a vida da mulher ou para a sua saúde, no caso de malformação fetal ou quando a gravidez resulta de violação.
Mas mesmo nesses casos, nem sempre há a possibilidade de recorrer ao aborto porque, em alguns casos, os hospitais ou os médicos recusam prestar ajuda a mulheres nestas condições. As principais razões pelas quais as mulheres recorrem ao aborto, ou seja, razões sociais, económicas e psicológicas são excluídas segundo a lei portuguesa.
Lembro-me quando surgiu o debate sobre a educação sexual nas escolas, discutia-se se esse era um papel das escolas ou das famílias (ou das duas), já nessa altura surgiram vários movimentos (religiosos e puritanos) contra esta iniciativa. Hoje a legislação portuguesa prevê a educação sexual, no entanto verificamos que a educação sexual nas escolas continua a ser prática quase inexistente.
Em Portugal os serviços de planeamento familiar são prestados de forma gratuita, mas ainda assim o acesso ao planeamento familiar continua desadequado. Em resultado desta situação, a gravidez na adolescência em Portugal atinge valores dos mais elevados na Europa (25 em cada 1000 adolescentes).
Consequências do aborto ilegal em Portugal
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 350.000 portuguesas já terão feito um aborto.
Em Portugal são praticados, pelo menos, 20.000 abortos ilegais por ano. Em resultado de complicações resultantes desses abortos ilegais, todos os anos cerca de 5.000 mulheres são atendidas em hospitais e, nos últimos 20 anos, morreram cerca de 100 mulheres desnecessariamente (dados do Ministério da saúde, APF-Associação para o Planeamento da Família).
Como resultado das leis restritivas acerca do aborto em Portugal muitas mulheres viajam para Espanha recorrendo a clínicas privadas. Mas um elevado número de mulheres não pode suportar as despesas de uma ida a Espanha ou a realização de um aborto ilegal em Portugal.
Efectuar um aborto com o consentimento da mulher é punível com uma pena até 3 anos de prisão. A mulher que recorre ao aborto também pode incorrer uma pena de até 3 anos de prisão
Conheço várias mulheres que a dada altura da sua vida e por diferentes motivos recorreram à interrupção voluntária da gravidez (em clínicas espanholas) e de maneira nenhuma as considero criminosas.
Consenso Internacional
Em Junho de 2002 o Parlamento Europeu adaptou o relatório “Lancker” (Relatório Van Lancker A5-00223/2002), que aconselhava a tornar o aborto legal, seguro e acessível, apelando aos países para que não perseguissem mulheres que tivessem feito um aborto ilegal.
As Nações Unidas defenderam durante as suas conferências tais como “A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento” no Cairo (1994) e durante a “Quarta Conferência Mundial da Mulher” em Beijing (1995), defenderam que “Os governos e as organizações deverão fortalecer o seu compromisso com a saúde das mulheres, e deverão lidar com os impactos na saúde provocados pela realização de abortos inseguros como uma prioridade da Saúde Pública”
A Organização Mundial de Saúde defende que: “Os governos têm de avaliar o impacto dos abortos inseguros, reduzir a necessidade de abortar e proporcionar serviços de planeamento familiar alargados e de qualidade, deverão enquadrar as leis e políticas sobre o aborto tendo por base um compromisso com a saúde das mulheres e com o seu bem-estar e não com base nos códigos criminais e em medidas punitivas. (...) As mulheres que desejam por termo à gravidez deverão ter um pronto acesso a informação fidedigna, aconselhamento não-directivo e em paralelo, devem ser prestados serviços para a prevenção de uma gravidez indesejada assim como a resolução e reposta face a possíveis complicações” (a partir de: Unsafe abortion: Global and regional estimates incidence of a mortality due to unsafe abortion with a listing of available country data – Third edition, 1997 – Ref. WHO/RHT/MSM/97.16)
Mitos e mentiras
Problemas de fertilidade:
O aborto seguro não aumenta o risco de infertilidade nem problemas futuros na gravidez; isso sucede no caso das doenças sexualmente transmissíveis e de aborto sem condições de segurança.
Outros problemas de saúde:
Não existe evidência de qualquer doença relacionada com o aborto seguro, embora os opositores do aborto (utilizando interpretações não científicas e parciais) procuram sugerir que existe um aumento do risco de cancro da mama.
Problemas psicológicos:
Para a maior parte das mulheres a decisão de abortar é difícil ou muito difícil, o que não quer dizer que exista o risco de síndrome pós aborto. Alguns movimentos anti-escolha querem fazer crer que o aborto corre o risco de se tornar um contraceptivo. O que vem demonstrado no estudo da APF é que quase a totalidade das mulheres que já praticaram o aborto só o fizeram uma vez e até às dez semanas de gravidez.
Alguns tratam deste assunto com a leviandade e falsidade patente nestas declarações:
"Na saúde, a oferta induz à procura", corroborou a vereadora do CDS-PP da Câmara de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, questionando a legitimidade do Estado para afectar o dinheiro dos impostos dos portugueses à "liberalização do aborto".
primeiro- "a oferta induz à procura"?!? como se tratasse de uma loja do chinês
"afectar o dinheiro dos impostos"?!? cara senhora trata-se de um problema social que é de todos.
"Liberalização do aborto" !?! despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, cara senhora.
Chega de hipocrisía e mentira!
Por isto e muito mais,
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”
SIM X
12 de janeiro de 2007
O SENHOR DA GUERRA
... os bombardeamentos americanos na Somália causam um número indeterminado de vítimas entre os civis incluindo várias crianças...
Bush, o pior dos terroristas!!
Rir é proibido
Vivemos uma época em que é preciso pedir licença para rir.
(não confundir RIR com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99 -Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999)
(não confundir RIR com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99 -Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999)
Só é permitido sorrir apenas em algumas ocasiões, quando tiramos fotografias de família, quando cumprimentamos o nosso patrão (sorriso amarelo), quando o Atlético ganha, etc.
Quem ocupa cargos de importância ou profissões de "respeito" está proibido de dar uma boa gargalhada, correndo o risco de ser considerado leviano ou ridículo!
vivemos o preconceito do «muito riso pouco siso».
Saber rir tem muito que se lhe diga!
Olhamos para o nosso espectro político e estão todos muito sérios a trabalhar! até dá vontade de rir!!
Não há melhor droga do que dar uma genuína e sentida gargalhada! (talvez haja!?!)
para saber rir é preciso ser sério!!
11 de janeiro de 2007
À Capela
A semana passada fui até Espinho, mais precisamente a Anta, á oficina de António Capela (Pai) e Joaquim António Capela (Filho).
Enquanto conversava, António Capela construía um violino, com o tampo e as ilhargas ainda presas por grampos, ia passando um pano humedecido pela madeira olhando para mim de vez em quando.
Em cima de um mocho estava um camping gaz com o lume vivo, uma lata com água e outra lata mais pequena dentro da lata maior.
Durante a prosa, molhava o pincel na lata maior e depois na mais pequena, passando posteriormente entre o tampo e as ilhargas.
Ateava uma vela e com cuidado varria a chama pelo violino.
Descansavam na parede vários violoncelos e violinos, no chão caixas e nacos de madeira, na mesa partes de instrumentos confundidos com ferramentas e papéis.
Para mim foi uma viagem ao passado, pois a oficina permanecia igual ao que era à 13 anos atrás (a última vez que lá tinha estado).
O nome Capela é mundialmente conhecido e reconhecido pela exímia construção de instrumentos de arco (violinos, violas, violoncelos e arcos). Não é por acaso que os seus instrumentos são procurados pelos mais ilustres instrumentistas.
Na parede da oficina podem-se ver fotografias de Rostropovich ao lado de António Capela. Contava com orgulho que Rostropovich fez questão de se deslocar pessoalmente à oficina para que ele lhe fizesse um violoncelo à sua medida.
Tudo começou com Domingos Ferreira Capela, pai de António Capela, que ao sair da escola primária foi trabalhar como tanoeiro e posteriormente como aprendiz de marceneiro, tendo revelado rapidamente as suas qualidades como artista. O interesse de Domingos na construção de violinos veio com a necessidade de um violino para seu uso e a fim de tocar com a orquestra amadora local (Tuna Musical de Anta) que co-fundou no ano de 1924. Desde então a sua arte foi passando de pai para filho e sendo aperfeiçoada ao longo dos anos, e são inúmeros os prémios em concursos de luthiers que fazem parte do espólio da família.
Para mim è sem dúvida um motivo de grande orgulho ter um violoncelo Capela!
8 de janeiro de 2007
Saudações
Caros amigos,
sendo um novato nestas andanças, espero sinceramente que este seja um espaço aberto a todos os que gostam de viajar, de criticar e ser criticado, expôr inquietações e apresentar futurismos, susurrar e gritar bem alto!
Está oficialmente iniciado este blog.
Um grande abraço a todos!
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